O presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, Antonio Eugenio Cecchinato, analisou a 26ª Convenção dos Profissionais da Contabilidade do Estado de São Paulo – Convecon, realizada de 4 a 6 de novembro, no Expo Center Norte, de forma positiva e enriquecedora.
“O número de participantes, que chegou a 3.271 nos três dias de atividades., bem como o teor e a qualidade das palestras e painéis apresentados foram um prêmio cujo valor é imensurável para os profissionais, empresários e estudantes de Contabilidade presentes ao evento. Nós, do Sindcont-SP damos graças a Deus e estamos muito felizes por termos contribuído com quatro importantes palestras, que compuseram o sucesso desta 26ª Convecon, e já estamos motivados para a próxima edição que será em 2021, já que este evento, considerado o maior do Estado de São Paulo, é realizado bienalmente”, relatou o presidente Cecchinato.
E seu último dia de atividades, na quarta-feira (6), a 26ª Convenção dos Profissionais da Contabilidade do Estado de São Paulo – Convecon deu continuidade à exposição de conhecimentos e experiências por meio de palestras e painéis, conduzidos por renomados especialistas, que muito contribuíram para a atualização profissional dos participantes.
Logo no primeiro horário, o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, uma das entidades organizadoras do evento, apresentou o tema “Controladoria estratégica”, com Sérgio Bento Silva , que é sócio-líder da prática de Financial Management da KPMG na América do Sul. A palestra foi moderada pelo diretor Financeiro da Entidade, Antonio Sofia.
Em sua explicação, o palestrante contou que a atuação do controller é bastante ampla, afetando até mesmo a elaboração dos preços dos produtos e serviços de um negócio.
Sérgio mostrou que esta precificação deve se adequar a cada empresa e mercado, porque há alterações que influenciam diretamente o lucro que a organização terá na operação.
“Para se fazer uma análise efetiva é preciso ter uma base de dados e ferramentas de EPM, que fazem toda a diferença para a empresa”, salientou Sérgio Bento da Silva.
Segundo o palestrante, um dos papéis do controller é propor a redução de custos, que deve ser feita após a realização de uma avaliação do custo das atividades transacionais, repetitivas, fomentando sua automação e reduzindo os FTEs (Full-Time Equivalent ou equivalente a tempo completo).
O especialista, que tem 28 anos de experiência na área, deu um importante alerta aos profissionais que assistiram à sua palestra, ao mencionar os principais riscos aos quais a função de controller está sujeita atualmente, que são: perder relevância, se não se transformar e agregar valor à organização e às unidades de negócios da empresa; ficar fadado à geração de informações para atendimento dos órgãos reguladores ou até mesmo desaparecer, se as suas tarefas forem automatizadas por robôs.
Por outro lado, Sérgio Bento Silva apontou as características de um controller bem preparado para os dias atuais, que são:
Segundo ele: “Com estas características, certamente o controller será visto como alguém que gera valor para a organização na qual trabalha”.
Reforma Tributária
À tarde, os congressistas puderam entender melhor e tirar dúvidas acerca da Reforma Tributária que, muito em breve, deverá ser uma realidade no Brasil.
O tema foi ministrado pelo professor, contador e tributarista Miguel Silva e pelo economista Paulo Rabello de Castro, que é presidente do Instituto Atlântico, e teve a mediação do presidente do Sescon-SP e Aescon-SP, Reynaldo Lima Jr.
“Quando falamos de reforma tributária precisamos ter em mente que se trata de algo complexo”, pontou Miguel Silva.
O primeiro passo para retomar o tema, segundo o tributarista, é decidir o que não se deve fazer. “Uma coisa é simplificação tributária, outra coisa é tratar de forma simplória um tema complexo”, enfatizou.
Segundo ele, entre o que não se deve fazer está uma transição longa demais. “As PECs existentes propõem de cinco a dez anos, nos quais os novos tributos não eliminam os velhos. O que gera muito mais trabalho e, consequentemente, custos para as empresas e os contadores”, alertou Miguel Silva, destacando outros pontos, como:
. Falta de clareza dos addicts, ou seja, os níveis efetivos das alíquotas do novo imposto;
. Ausência de qualquer mecanismo de contenção das despesas gerais da máquina pública;
. Ausência de esforço para dotar o Imposto de Renda de maior capacidade arrecadadora e;
. Analisar as contribuições que vencem em dias que mais podem pagar, como fins de semana e feriados.
O economista Paulo Rabello de Castro, por dia vez, enfatizou que no Brasil, os setores de serviços e indústria pagam muitos impostos. O que torna difícil para as empresas sobreviverem.
O palestrante defendeu a criação de uma progressividade na tributação da renda e na do consumo, tornando essa cobrança mais justa.
“Ainda é preciso que haja neutralidade na partilha de recursos entre Federação, Estados e Municípios. Isso sem falar na desoneração específica da folha de pagamento”, destacou Rabello.
A ideia da dupla é implantar uma partilha dos impostos diretamente para os estados e municípios. O conceito deste método é conhecido como Operador Nacional de Distribuição de Arrecadação (Onda).
O presidente do Sescon-SP realizou diversas perguntas ao final da palestra, inclusive qual é o impacto da corrupção no sistema tributário brasileiro.
O contador na liderança
Sindcont-SP volta ao palco à tarde, esta vez para falar sobre o “O contador como líder – um novo comportamento nas organizações emergentes”. O tema foi apresentado pelo professor titular da FEA/USP Edgard Cornacchione e teve a mediação do diretor Cultural da Entidade, Claudinei Tonon.
“Pra mim, a figura do líder tem a ver com decisão. É possível dar vários adjetivos à esta liderança, mas todos envolvem decisão. E, para fazer estas escolhas, é preciso analisar dados. O contador, sendo um dos profissionais que mais lida diretamente com informações, pode sim estar apto a desempenhar um papel de liderança”, afirmou Cornacchione.
O docente enfatizou ser fundamental para um líder buscar a vantagem humana, descobrir o que cada pessoa pode agregar no negócio para torná-lo melhor. Especialmente em uma época de robotizações.
Segundo Cornacchione, “um líder é um indivíduo que leva alguém a algum lugar. Por isso ele precisa ter visão. E também deve ser confiável, porque seus liderados precisam confiar nas suas ações e escolhas. Para ser líder é preciso, inclusive, ter confiança em si mesmo”, destacou o docente, salientando ainda que todo líder precisa ter conhecimento. Não apenas em Contabilidade, mas em conhecimentos gerais, e em especial sobre as pessoas.
Outro atributo importante é o carisma. Algo que, segundo o palestrante, nem sempre faz parte das habilidades de um contador, que costuma ser concentrar muito mais na parte técnica do que na social.
Por fim, Cornacchine destacou ser fundamental que o líder seja ético, para que o seu trabalho tenha valor e ele seja respeitado, admirado e seguido.
Sorteio
Ao final do evento, o Sindcont-SP, em parceria com a BSSP – Business School São Paulo, sorteou dois exemplares do livro “Compliance Tributário: Práticas, Riscos e Atualidades” entre os participantes da Convenção que se inscreveram no estande da Entidade. Os ganhadores receberam também o livro comemorativo ao centenário do Sindcont-SP.
Assessoria
DE LEON COMUNICAÇÕES
Texto e fotos: Katherine Coutinho
Edição: Lenilde De León