A saúde mental é fundamental para o bem-estar dos profissionais da Contabilidade. O estresse e a pressão do dia a dia podem levar a problemas sérios. É hora de dar visibilidade a esse assunto dentro da nossa categoria
Nesta quarta-feira, dia 10 de setembro, o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo-Sindcont-SP realizou a 35ª reunião do ano de 2025 do Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis-CEDFC, abordando o tema “saúde mental”, em alusão ao Setembro Amarelo, com uma palestra da psicóloga Cecília Loureiro. O evento, que foi transmitido ao vivo, gratuitamente, pela TV Sindcont-SP, no YouTube da Casa, contou com a presença da diretoria do CEDFC e do Sindcont-SP e do presidente do Sindcont-SP, Claudinei Tonon.
A reunião foi normalmente conduzida pela presidente do CEDFC Mitsuko Costa, que deu as boas-vindas aos participantes; enquanto o presidente Tonon, destacou a importância do encontro.
Como já é tradicional, o encontro começou com a leitura das recentes alterações nas legislações tributárias. Josimar Santos Alvos, diretor da Casa do Saber Contábil, ficou encarregado de expor as novidades, entre elas, a Portaria 13, do Ministério da Fazenda nº 1976, que alterou a Portaria nº 1584 de dezembro de 2023, relacionada à transação por adesão no contencioso tributário de relevante controvérsia jurídica e de pequeno valor. Outra novidade foi a instituição, no Estado de São Paulo, do sistema de pagamentos e o documento de arrecadação das receitas estaduais, essencial para os que lidam com o ICMS. Ademais, ele apontou a Portaria da Secretaria da Fazenda nº 227, de 29 de agosto de 2025, a qual estabeleceu preços por metro quadrado para apuração do valor mínimo da mão de obra na construção civil e fixou coeficientes de atualização dos valores dos documentos fiscais para o cálculo do ISSQN.
Palestra sobre saúde mental
Neste 10 de setembro, quando é celebrado mundialmente a prevenção do suicídio – a saúde mental assume maior importância perante a sociedade, por isso a palestrante convidada, a psicóloga Cecília Loureiro – vestindo um vibrante amarelo -, destacou a importância do assunto em um cenário onde os dados alarmantes não podem ser ignorados.
Cecília tem mais de 20 anos de experiência na área, e já atuou em grandes companhias como Monsanto Company, PepsiCo, Elma Chips e Prevent Senior, além de ter trabalhado em um centro de saúde comunitário para dependentes químicos em Ohyo, Estados Unidos.
Ela começou sua fala agradecendo ao Centro de Estudos pela oportunidade de abordar um assunto tão importante e fez questão de enfatizar que a saúde mental deve ser tratada com a mesma seriedade que a saúde física. “Assim como vocês cuidam da Contabilidade de empresas e pessoas, é fundamental cuidar da Contabilidade da sua vida emocional”, afirmou, ressaltando a importância de reconhecer e lidar com os estresses do dia a dia.
Dados recentes mostram que, em 2024, o Brasil registrou 472 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Os principais diagnósticos foram ansiedade e depressão, evidenciando a necessidade urgente de iniciativas de conscientização, como palestras e programas de bem-estar nas empresas. Cecília também mencionou que a Organização Mundial da Saúde define saúde mental como um estado de bem-estar onde o indivíduo consegue reconhecer suas habilidades e lidar com os desafios diários. “Quando essas habilidades se tornam insuficientes, é hora de buscar ajuda”, disse a especialista.
Inteligência Artificial
Segundo Cecília Loureiro, nos últimos tempos, as discussões sobre saúde mental têm ganhado destaque, especialmente em um mundo que acelera a cada dia. Muitas pessoas vivem com um peso constante, sentindo-se sobrecarregadas e incapazes de lidar com as demandas do cotidiano. É comum ouvir relatos de pessoas que acordam sentindo que mais um dia se inicia como uma batalha difícil. Para muitos, essa sensação de pressão não é apenas uma fase; é um sinal de que a saúde mental pode estar em risco.
Entre os problemas mais comuns que afetam a saúde mental estão a ansiedade, a depressão e o estresse. Cecília então pontuou sobre cada um:
Ansiedade: O futuro como ameaça
A ansiedade é uma preocupação excessiva com o que está por vir. A imaginação pode criar cenários catastróficos que, embora irreais, são vividos como se fossem uma realidade. Isso gera uma série de sintomas físicos, como batimentos cardíacos acelerados e dificuldade para dormir. A pessoa se sente constantemente em estado de alerta, como se estivesse prestes a enfrentar um perigo iminente. Essa sensação pode levar a um quadro de pânico, tornando o dia a dia ainda mais desafiador.
Estresse: a pressão do cotidiano
O estresse, por sua vez, é uma resposta natural do corpo diante das demandas diárias. Em pequenas doses, ele pode ser motivador, impulsionando a ação. Contudo, quando se torna excessivo, pode levar à irritabilidade, cansaço e até dificuldades de memória. Muitas pessoas começam a se sentir incapazes de dar conta das atividades cotidianas, o que acaba gerando um ciclo vicioso de estresse.
Depressão: uma tristeza persistente
A depressão é caracterizada por uma tristeza profunda e persistente. Para ser diagnosticada, essa sensação deve durar mais de duas semanas e vir acompanhada de uma perda de interesse nas atividades que antes traziam prazer. A pessoa pode sentir-se vazia, sem sentido e até ter alterações significativas no sono e na alimentação. Em casos mais graves, pensamentos de morte podem surgir levando o indivíduo a um estado de isolamento e incapacidade.
Burnout: o limite do estresse
O burnout, que se refere a uma exaustão extrema relacionada ao trabalho, é outra condição que tem chamado atenção. Com ambientes de trabalho cada vez mais exigentes, muitos profissionais se sentem sobrecarregados e sem recursos suficientes para desempenhar suas funções. O resultado é uma perda de motivação e um distanciamento emocional das atividades e das pessoas ao redor. O burnout é, portanto, um sinal de que é preciso repensar as condições de trabalho e o autocuidado.
“É fundamental estar atento a sinais de alerta, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento social e dificuldades para realizar atividades cotidianas. Muitas vezes, a pessoa pode chegar a sentir um cansaço que não se alivia com o descanso. A irritabilidade, choro inesperado e alterações no sono também são indicadores de que algo não vai bem”, explicou a palestrante. Para prevenir esses problemas, pequenas pausas durante o dia podem fazer uma grande diferença. Levantar-se da cadeira, tomar água e respirar profundamente são práticas simples, mas eficazes. Além disso, manter uma rotina de atividades físicas, mesmo que em doses menores, pode ajudar a melhorar o bem-estar geral.
Atividade física
As dicas de Cecília para manter uma boa saúde mental são:
– Praticar atividade física acessível, como caminhar ou passear com animais de estimação;
– Dedicar momentos para lazer e descanso. É fundamental estar presente durante esses momentos e evitar a preocupação excessiva com o trabalho;
– Conversar sobre emoções pode aliviar o estresse, que, se não tratado, pode levar a problemas de saúde;
– Manter uma boa higiene do sono e uma alimentação saudável também é crucial;
Em suas palavras, a terapia também é uma ferramenta útil para lidar com estresse diário e equilibrar as áreas da vida, permitindo identificar sobrecargas e trabalhar mudanças gradativas. “De novo: é importante buscar ajuda antes que o estresse se torne insuportável. O suporte de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, é necessário em casos de crises significativas e pensamentos depressivos”.
Reflexões e diálogo com participantes
No espaço aberto para dúvidas e comentários dos participantes, o diálogo começou com Paulo Barreto, que disse assim: É curioso como, às vezes, deixamos de lado a atividade física em nome da diversão. No meu caso, aos domingos, troco o exercício por uma partida de baralho ou dominó”.
A doutora Cecília entrou na conversa, trazendo um ponto importante: “Atividade de baralho e dominó pode ser divertida, mas não substitui o movimento físico necessário para manter nossa saúde em dia”. Ela explicou que a saúde é um tripé que envolve o bem-estar físico, emocional e mental. “É fundamental encontrarmos formas de nos movimentar, mesmo que não gostemos de academia. Dançar, andar ou até subir escadas são ótimas alternativas”, sugeriu.
A conversa rapidamente se aprofundou. O grupo começou a discutir pequenas mudanças no cotidiano que podem fazer a diferença. “Se você tem um carro, estacione um pouco mais longe e ande até ele. Ou, em vez de pegar o elevador, suba algumas escadas. Esses pequenos gestos ajudam muito” disse a especialista.
João Antunes então compartilhou sua rotina de exercícios. “Eu corro dez quilômetros todo sábado, mas também faço fisioterapia para minha coluna”, contou. “A atividade física é importante, mas precisamos lembrar que a fisioterapia foca em um ponto específico. Andar um pouco mais no dia a dia é essencial para manter o corpo em movimento”.
O diálogo fluiu entre risadas e reflexões sérias. E, embora o tom leve tenha prevalecido na maior parte da conversa, a gravidade do assunto trouxe um momento de introspecção. Afinal, falar sobre saúde mental, traumas e dificuldades emocionais é tão importante quanto discutir atividades físicas. Para Claudinei Tonon, presidente da Casa, o encontro serviu como um lembrete da importância de cuidar da saúde mental, especialmente em tempos de crise. “É essencial que todos nós, independentemente da nossa profissão ou estilo de vida, dediquemos tempo e atenção ao nosso bem-estar emocional”, orientou o dirigente.
Neste Setembro Amarelo, o Sindcont-SP mantém aberto o convite para os profissionais contábeis refletirem sobre suas próprias experiências e a importância de dialogar sobre saúde mental, rompendo tabus e buscando a ajuda necessária. Afinal, cuidar de si mesmo é um ato de coragem e amor-próprio.
Cobertura do evento e texto: Danielle Ruas
Edição: Lenilde Plá de León
De León Comunicações.