A reforma tributária trará mudanças significativas na forma como os serviços serão prestados e taxados. Com a unificação de impostos e a simplificação dos processos, espera-se uma redução na burocracia, facilitando o cumprimento das obrigações fiscais por parte das empresas. Mas será que isso realmente vai acontecer? Será que os negócios do Brasil, especialmente as pequenas e médias empresas, poderão contar com um ambiente de negócios mais competitivo, vez que, hoje, muitas vezes, encontram dificuldades para lidar com a complexidade atual do sistema tributário?
Essas e outras questões foram sanadas no painel “Reforma Tributária e os impactos no setor de serviços”, apresentado pela consultora tributária, Jô Nascimento, no último dia de debates da 13ª Semana Paulista da Contabilidade (17 de setembro). O evento, já tradicional no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo-Sindcont-SP, teve como lema desta edição “A Nora Era Tributária e seus grandes impactos na Contabilidade”.
Após a apresentação das atividades da noite, feita pela mestre de cerimônia, Marly Momesso, conselheira fiscal da Casa do Saber Contábil, Claudinei Tonon, presidente do Sindcont-SP, deu as boas-vindas aos componentes da mesa virtual, onde se incluíam os diretores: Marina Suzuki e Milton Medeiros; os especialistas Ailton Barboni e José Sérgio Fernandes Mattos; o empresário contábil, João Antunes Alencar; a contadora, Ana Lúcia Corsino Picão; além da palestrante Jô Nascimento; convidando a todos para o aniversário dos 75 anos do Centro de Estudos e Debates Fisco-Contábeis-CEDFC, que acontece hoje, dia 18 de setembro, de forma presencial, na sede da Entidade.
Claudinei mencionou ainda que está sendo lançado durante as atividades da 13ª SPC, mais um grupo de trabalho: “Devido à demanda por informações sobre a reforma tributária, já criamos um grupo no WhatsApp para acompanharmos o tema. Vamos nos reunir quinzenalmente, às terças-feiras, intercalando o assunto, semana sim, semana não, no Grupo de Tributos e Obrigações da Casa”.
“Portanto, o compromisso com o aprendizado constante é vital. O profissional que ignora essa realidade corre o risco de ficar defasado e menos valorizado no mercado de trabalho”, sentenciou o dirigente.
Troca de conhecimento
A contadora e conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, parceiro da noite nessa atividade, Ana Lúcia Corsino Picão, ficou responsável por mediar a palestra de Jô Nascimento e disse estar honrada com a oportunidade. “Estou muito feliz de representar o CRCSP porque eu tenho boas lembranças desse Grupo, vez que durante a pandemia da Covid-19, eu frequentei durante muitas semanas”.
Marina Suzuki, diretora da área de Educação Continuada do Sindcont-SP, falou da excelência das palestras na 13ª SPC e da importância da iniciativa do novo Grupo de Estudos que surge nesse momento. Segundo ela, o grupo visa promover um espaço de troca de conhecimentos e experiências, onde os profissionais da Contabilidade poderão aprofundar-se em temas relevantes e atuais do setor contábil. Marina destacou ainda que a educação continuada é fundamental para a adaptação às constantes mudanças do mercado e à evolução das legislações. “O novo grupo de estudos, portanto, almeja enriquecer o conhecimento técnico e fortalecer a rede de contatos entre os profissionais da área”.
Na sequência o diretor financeiro da Casa do Saber Contábil, Milton Medeiros de Souza, comentou que a reforma tributária, ao mesmo tempo, traz muitos desafios e muitas oportunidades, aumentando, inclusive, as possibilidades de trabalho e recolocação para os profissionais da área. “Os profissionais da Contabilidade terão a chance de se especializar em áreas emergentes, como consultoria tributária e planejamento financeiro, o que pode resultar em uma valorização ainda maior do trabalho. Portanto, é vital que os profissionais entendam essas mudanças e se preparem adequadamente, investindo em capacitação e formação contínua”.
Versatilidade
O professor José Sérgio Fernandes Mattos se manifestou na sequência, concordando com Milton e expondo que o mercado exigirá contadores mais versáteis, com habilidades técnicas e análise de dados e estratégia empresarial. “A adaptação a essas novas exigências será determinante para o sucesso na nova era tributária que se aproxima”.
Conteúdo técnico
Em sua apresentação, Jô Nascimento falou do período de transição para o novo modelo, com a extinção do PIS/Cofins, a partir de 2027, e do ICMS/ISS, a partir de 2033, conforme se apresentam os quadros abaixo:
Ela comentou que, com a reforma tributária, o IBS, que substituirá integralmente o ICMS e o ISS a partir de 2033, deverá ser recolhido fora Simples, quando a receita da empresa superar 3,6 milhões (desde que não tenha superado o limite de 4,8 milhões).
Simples Nacional
“Portanto, o Simples Nacional demandará muito estudo e análise”, alerta Jô Nascimento, ressaltando que a empresa que fornece bens ou serviços para pessoa jurídica pode sofrer pressão do mercado para recolher o IBS e a CBS fora do regime, na transferência de crédito. “E neste ponto os escritórios de Contabilidade também devem ser afetados”, prevê a palestrante.
Já a empresa que fornece serviço para pessoa física não sofrerá pressão do mercado para recolher o IBS e a CBS fora do regime, uma vez que não haverá transferência de crédito. “Porém, ela terá que ficar atenta ao sublimite de R$ 3,6 milhões”.
Por fim, Jô Nascimento esclareceu que, com as constantes mudanças na legislação e a complexidade das normas fiscais, é fundamental que os profissionais da Contabilidade se mantenham atualizados. “O aprofundamento no estudo da reforma tributária não só garante um entendimento mais apurado das novas regras, mas também posiciona o profissional como um especialista capaz de oferecer soluções inovadoras e adequadas aos desafios impostos pelas alterações”, alertou a especialista.
Capacitação contínua
Ademais, a capacitação contínua é um diferencial competitivo. A atualização acerca das diretrizes e dos impactos da reforma não se limita apenas aos aspectos técnicos, mas também envolve uma compreensão das implicações sociais e econômicas. “Profissionais que investem em formação e integridade na prática contábil se tornam referências no mercado, contribuindo para um ambiente de negócios mais transparente e ético. Participar de cursos, seminários e grupos de discussão são formas eficazes de absorver conhecimentos e trocar experiências. Além disso, o networking construído em tais ambientes pode abrir portas e criar oportunidades únicas na carreira”, aponta Jô.
A 13ª Semana Paulista da Contabilidade conta com o patrocínio Ouro da BDO Brazil; Prata do Instituto Paulista de Contabilidade-IPC e da Trevisan Escola de Negócios; e Bronze da ConferIR, e o apoio institucional do CRCSP; Fecontesp; APEJESP; Sescon-SP; Aescon-SP; Ibracon – 5ª Seção Regional; APC; Anefac, ACSP, Sincoar, Sindcont de São Roque e Sincop .
Texto: Danielle Ruas
Edição: Lenilde De León
De León Comunicações