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12 de dezembro de 2025O cenário empresarial brasileiro enfrenta um momento crítico, com dados alarmantes que indicam um aumento de 18,9% nos pedidos de falência no primeiro semestre de 2025, conforme levantamento da Serasa Experian. Os números sinalizam instabilidade entre empresas de diversos portes. Em complemento, o Brasil contabiliza 6,7 milhões de micro e pequenas empresas inadimplentes em maio deste ano, um aumento de 5,2% em relação a 2024. Essa situação revela uma crise silenciosa, marcada por falhas na gestão, falta de planejamento e escassez de orientação técnica.
Embora o ambiente macroeconômico – caracterizado por juros elevados, retração do consumo e escassez de crédito – contribua para as dificuldades enfrentadas pelas empresas, especialistas alertam que a raiz do problema é mais profunda. A gestão financeira deficiente, a ausência de práticas contábeis estratégicas e o desconhecimento sobre ferramentas de reestruturação são fatores que agravam a crise.
Causas da instabilidade empresarial
O Sebrae revela que 60% das micro e pequenas empresas encerram suas atividades antes de completar cinco anos, com as principais razões:
– Falta de controle de fluxo de caixa,
– Ausência de indicadores de desempenho,
– Erros tributários acumulados,
– Gestão improvisada.
De acordo com Marcos Pelozato, advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial, muitos empreendedores chegam ao limite sem as informações básicas sobre a saúde financeira de seus negócios. “Grande parte chega ao estágio crítico sem controle do passivo e sem conhecer ferramentas para renegociar dívidas. É o retrato da falta de orientação prática e da resistência em buscar apoio técnico”, observa.
A cultura preventiva é praticamente inexistente: apenas 6% dos empresários buscaram consultorias ou mentorias em 2024, segundo o Sebrae. A maioria recorre à ajuda em momentos críticos, quando as dificuldades já se tornaram intransponíveis.
Endividamento e gestão fiscal deficiente
As micro e pequenas empresas, que representam mais de 90% dos negócios ativos no Brasil, são as mais afetadas pela alta dos juros e pela redução do consumo. Muitas operam com margens de lucro inferiores a 10%, segundo dados do IBGE, o que torna qualquer oscilação no faturamento capaz de comprometer o caixa imediatamente. Esse cenário tem alimentado o crescimento acelerado da inadimplência e das falências.
Outro aspecto é a gestão fiscal inadequada. Auditorias revelam que uma parte significativa das empresas brasileiras paga tributos acima do necessário, perde oportunidades de créditos fiscais ou opera em regimes tributários inadequados. Com a implementação da CBS e do IBS, pilares da Reforma Tributária, os riscos para empresas que não se adaptarem devem aumentar. Especialistas alertam que manter estruturas tributárias antigas pode ser um “erro fatal”, visto que a nova tributação ocorrerá no destino, impactando a precificação e o fluxo de créditos.
A importância da Contabilidade na superação da crise
A solução para os desafios enfrentados pelas empresas passa necessariamente pelo fortalecimento da Contabilidade, que deve ser vista tanto como uma área de cumprimento de obrigações quanto um núcleo de inteligência financeira.
- Revisão fiscal e recuperação de créditos: a análise dos últimos cinco anos de tributos pagos pode resultar na recuperação de valores significativos, incluindo créditos de PIS e Cofins, reclassificações indevidas e devolução de tributos pagos a maior.
- Controle financeiro e previsibilidade: profissionais contábeis desempenham um papel fundamental na estruturação de um fluxo de caixa preditivo, estabelecimento de indicadores de desempenho e projeção de cenários.
- Reestruturação societária e ajustes para a Reforma Tributária: com a nova sistemática da CBS e IBS, a Contabilidade deve liderar a reorganização dos negócios, promovendo fusões, revisões contratuais e adequações logísticas.
- Orientação para renegociação de dívidas: apesar do aumento de 26,3% nos pedidos de recuperação judicial, a adesão a esse recurso ainda é baixa. A falta de conhecimento e orientação técnica compromete não apenas as empresas, mas também o emprego e a arrecadação pública.
Cultura preventiva
O aumento das falências e da inadimplência não é um destino inevitável. É essencial que os empresários abandonem a improvisação, que os contadores assumam um papel estratégico e que a cultura preventiva prevaleça sobre a atuação reativa. A Contabilidade, quando bem aplicada, pode ser o maior diferencial competitivo para a sobrevivência das empresas no Brasil.
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