A 12ª Semana Paulista da Contabilidade, do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo-Sindcont-SP entrou no sábado [16/9], o terceiro dia de atividades, com dois seminários. O primeiro deles, sobre “Como a Tecnologia da Informação contribui para a inserção da Contabilidade Digital e Consultiva”, foi ministrado pelo executivo da Omie e mestre em Administração Estratégica de TI, Wagner Xavier. Na sequência, foi a vez de Luiz Gustavo Guadagnoli, assessor de Desenvolvimento do Cooperativismo no Sicredi, tratar a importância da “Educação Financeira”.
A abertura dos trabalhos foi feita pelo vice-presidente da Casa do Saber Contábil, José Roberto Soares dos Anjos, que explicou, em seu discurso, que a Semana, que ocorre há mais de uma década na Entidade, reúne especialistas do Brasil e do mundo para uma grande troca de informações, e tem por objetivo informar o público sobre o que está acontecendo em relação a um determinado assunto, esmiuçando-o. “E neste ano, estamos trabalhando o lema ‘Reforma Tributária – dicas e oportunidades no novo cenário tributário’ e estaremos juntos aqui até o dia 20, próxima quarta-feira”.
Depois, José Roberto passou a palavra para o presidente do Sindcont-SP, Claudinei Tonon, que focou sua fala na importância que há, para os profissionais da Contabilidade, saber identificar o que o mercado trará, em termos de novidade, e até mesmo se antecipar a eles, “buscando assim estratégias para um melhor posicionamento”.
Assim, foi dado início a palestra de Wagner Xavier, que agradeceu os organizadores do evento pela oportunidade de falar sobre um tema de suma essencialidade na vida dos contadores. “Hoje temos a nuvem e a Contabilidade Digital. Por isso, sobrelevaremos hoje aspectos de como conectar o contador ao crescimento, e aqui entra a essencialidade do uso de soluções tecnológicas para a melhora dos processos dos nossos clientes, afinal de contas nós trabalhamos para eles”.
Em sua visão, Contabilidade digital não é somente não ter mais papel no ambiente físico: “Longe disso. Ser digital é sinônimo de ter a percepção e poder se comunicar com o cliente de forma rápida, fluída e simplificada”, disse ele, destacando alguns do benefícios de ser – e se manter – digital: otimização de tempo; eliminação de retrabalhos e de tarefas repetitivas; agilidade; segurança dos dados; diminuição de riscos; acompanhamento do fluxo de caixa em tempo real; e muitos outros.
Se comparada às empresas de outras nações, as pessoas jurídicas brasileiras demoram bem mais para crescer, e isso se deve a três fatores: o primeiro é a complexidade, visto que elas estão de frente com uma legislação extremamente complexa; há excesso de obrigações acessórias por parte da contabilidade; e elas gastam muito tempo gasto com atividades burocráticas. Depois, em segundo lugar, há o fator crédito, sendo que as pequenas empresas têm pouco ou nenhum acesso a empréstimos, ou financiamentos, devido a serviços bancários burocráticos, altas taxas de juros e histórico inflacionário. E, por fim, mas não menos importante, a educação: “Os empreendedores brasileiros não foram formados para serem gestores de empresas”, disse Wagner.
Por isso, a Contabilidade vem se destacando, vez que o contador, segundo ele, é o catalisador, ou seja, um agente que aumenta a velocidade de uma reação: “O acelerador da economia do País, de uma reação em cadeia que gera o progresso e a prosperidade coletiva. Lembrando que o verdadeiro índice do progresso de um país está na saúde das PMEs que compõem a economia local”.
Entre as principais dores hoje de contadores – e empreendedores – as quais precisam ser remediadas rapidamente – ele sublinha misturar conta pessoa física com conta pessoa jurídica; controle de dados em planilhas; baixa qualidade na gestão, sem indicadores básicos; processos com baixa ou nenhuma estrutura; retrabalho; usuários limitados; e dependência de poucas pessoas.
Segunda atividade
Dando sequência ao sábado de palestras na 12ª SPC na TV Sindcont-SP, no YouTube, Luiz Gustavo Guadagnoli logo enalteceu: “Falar de dinheiro não é tarefa fácil”. Contudo, quem encarara o tabu, acaba saindo da ignorância e aprende a lidar melhor com ele.
Verdade mesmo. Conversar sobre dinheiro, muitas vezes, é mais difícil até do que falar sobre política, religião, sexo e morte, e por isso, o assunto se torna motivo de conflito em muitas relações. “São vários os casais que brigam por causa de dinheiro e ele é uma das principais causa de divórcios. E tem quem pense que deixar tratar o assunto vai fazer desaparecer os problemas e preocupações financeiras, como em um passe de mágica. Pelo contrário: não tratar adequadamente esse tema é sinônimo de estresse, irritação, noites mal dormidas. Afinal, quem não gosta e quem não precisa do dinheiro, não é mesmo?”.
Na oportunidade, então, ele apresentou três movimentos “descomplicados” para que as pessoas tenham a possibilidade de conectar suas paixões à prosperidade financeira. Os três grandes pilares então são os seguintes: saber fazer; amar fazer; e ganhar dinheiro fazendo. “Nós nascemos para ser prósperos e assim, juntos, construirmos uma sociedade mais progressista, e existem sete níveis de riqueza para isso: de conhecimento; de saúde; emocional; de liberdade/ de tempo; de relacionamento e família; e energética e espiritual, e o último, mas não menos importante, a riqueza material”.
Então, o palestrante comentou que os nossos hábitos, ou seja, os comportamentos que se incorporam na nossa rotina, são importantíssimos para angariarmos educação financeira. Vale pensar que o ato de consumir influencia diretamente não somente quem faz a compra, mas repercute por toda a cadeia, envolvendo o meio ambiente, a economia e a sociedade na totalidade. “Por isso a importância de falarmos sobre dinheiro e ponderarmos sobre os nossos costumes de consumo, estando atento ao que é necessário e supérfluo e aos possíveis impactos que os nossos desejos podem causar”.
As atividades da 12ª SPC continuarão hoje, dia 18 de setembro, às 19 horas, com o tributarista J. Miguel Silva, que na oportunidade debaterá a PEC da Reforma Tributária em tramitação no Senado no que se refere à tributação sobre o consumo e a importância de adotar no País uma plataforma moderna e digital para arrecadação e distribuição dos tributos sobre o consumo. O painel contará ainda com a participação da professora Elizabeth Martos, mestre em Direito Financeiro, Econômico e Tributário.
O evento conta com o patrocínio Ouro da BDO Brazil e Trevisan Escola de Negócios; Prata do Sicredi; e Bronze do Instituto Paulista de Contabilidade – IPC, ABC71, ConferIR e KPMG, além do apoio institucional do CRCSP; Fecontesp; APEJESP; Sescon-SP; Aescon-SP; Ibracon – 5ª Seção Regional; APC; ANEFAC e ACSP.
Texto: Danielle Ruas
Edição: Lenilde De León