O papel da Contabilidade diante das ciberameaças

Hoje, os desafios da Contabilidade consistem em oferecer aos clientes praticidade, facilidade, agilidade, bom custo-benefício e segurança. Esse último item, inclusive, é fundamental, especialmente se a organização guarda e gerencia informações de alto valor. Com isso, na profissão contábil, garantir tecnologia aliada à segurança da informação é indispensável.

Dentre todos os riscos de uma empresa no que tange à segurança digital, a ameaça ransomware é a que pode acarretar mais perdas. E, uma vez que a Contabilidade é o braço direito dos negócios, é importante ficar atento sobre o que são esses perigos e como se proteger deles, mesmo porque o Brasil é considerado um dos países líderes no crescimento de ataques de dupla extorsão às pessoas jurídicas.

Nessas investidas, nas quais os criminosos virtuais têm o objetivo de maximizar os lucros obtidos, os cibercriminosos exigem pagamento tanto pela chave que permite as vítimas descriptografar os arquivos quanto para que informações confidenciais não sejam publicadas. O alerta consta na pesquisa da Apura Cyber Intelligence “Ransoware na Dark web”.

De acordo com o estudo, o Brasil está na 7ª colocação no item segurança cibernética, atrás de Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha e Itália – ao ter registrado 69 ataques a diferentes negócios, sendo que os maiores assaltos foram nos segmentos da área da saúde (12), indústria/manufatura (11) e setor público (7).

Cuidado nas indústrias

Os Estados Unidos aparecem como o país mais atingido, sendo a área industrial, no mundo, a mais impactada, contudo, isso não é visto como surpresa para os pesquisadores da Apura: “Tendo as indústrias os seus sistemas interrompidos por um ataque de ransomwares, fica mais fácil obter o pagamento das quantias exigidas. E os EUA são a maior economia do mundo, o que os torna um alvo bastante atrativo para os hackers”. A Rússia foi um dos poucos países a serem atacados, e o único entre as maiores potências mundiais, que não teve dado de nenhuma empresa publicado na dark web, parte da internet associada à criminalidade e acessível apenas por meio de software especializado.

“Os ransomwares não são uma ameaça recente e não se deve esperar que desapareçam tão cedo. O faturamento dos grupos de hackers que estão por detrás dos ataques pode ultrapassar facilmente dezenas de milhões de dólares e o custo de operação é muito baixo. Além disso, a tática de usar afiliados para executarem as investidas, enquanto os operadores se mantêm escondidos por trás das cortinas, garante segurança contra as ações da lei, assim como a possibilidade de os ataques serem executados de qualquer lugar do mundo e a cobrança dos valores em criptomoedas. Sob essas características, o negócio de ransomwares torna-se extremamente atraente para os criminosos”, finaliza Sandro Süffert, CEO da Apura Cyber Intelligence.

Prejuízos

Os danos por crimes cibernéticos custarão, para as empresas de todo o mundo, cerca 6 trilhões de dólares até o fim deste ano. A estimativa é da Cyberventures – consultoria internacional na área de segurança na internet, com dados da Microsoft.

Especialistas do setor apontam que os cibercrimes serão mais lucrativos do que o comércio global de todas as principais drogas ilegais juntas ou até mesmo a pirataria. Ao passo que para os criminosos é tempo de abundância, principalmente desde o início da pandemia da Covid-19, em que a internet se tornou praticamente o único meio para as pessoas trabalharem, estudarem, fazerem compras e obterem entretenimento. Já para as empresas, a temporada é de preocupações e tormentos, por isso é fundamental que os profissionais da Contabilidade se mantenham alertas.

Pandemia

De acordo com a empresa de cibersegurança Kaspersky, o Brasil foi o país da América Latina que registrou maior número de ataques cibernéticos durante a pandemia, tanto em ambientes domésticos (isto é, pessoas físicas), com o registro de 55,97% de invasões, quanto corporativos – 56%.

Veja como a Contabilidade pode atuar na prevenção de cibercrimes:

Nuvem: migrar as informações para a nuvem é o primeiro passo para garantir segurança digital na Contabilidade. Isso porque ao usar um sistema contábil robusto e completo, hospedado e configurado na nuvem, a administração dos dados  torna-se mais simples e segura.

Assinatura digital: indispensável na gestão do escritório, já que ela usa criptografia de ponta a ponta para garantir a integridade, a segurança e a autenticidade de documentos, validando transações e contratos.

Controle no acesso aos dados: autenticação que segue o padrão AAA (Authentication, Authorization, and accounting – Autenticação, Autorização e Auditoria); como ela é feita em três camadas garante a identificação do usuário e ainda mede suas ações. São elas:

Backup: manter cópias de segurança em dia é uma necessidade, contudo muitas empresas não dão o real valor para o backup. Mas, atenção: ele é a ferramenta que pode salvar a empresa em caso de pane no sistema, ataque cibernético ou vazamento de dados.

Capacitação: não adianta contar com uma série de ferramentas digitais de segurança da informação, se você não orientar os profissionais, e exigir deles capacitação adequada, uma vez que o mercado está em constante mutação.

Tudo isso só comprova que o contador do futuro deve priorizar os investimentos em segurança da informação.

Fonte: Mensário do Contabilista