A instituição de ensino, no exercício da soberania universitária, pode mudar sua grade curricular sempre que houver necessidade. Isso está especificado no artigo 47, § 1º, IV, c, da Lei Federal nº 9.394/1997, responsável por estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional. Contudo, são necessários alguns direcionamentos para que todas as faculdades adotem novidades, de forma uníssona. Entre elas, a consonância com as tendências do mercado, a total compreensão sobre as novas demandas e o aval do Ministério da Educação-MEC.
Fato é que a grade curricular é um instrumento muito importante, pois é ela quem assinala como estará organizada a formação do conhecimento, teórico e prático, do aluno, antes do seu ingresso no mercado de trabalho. Estamos falando aqui de competências e habilidades que a pessoa interessada em trabalhar com Ciências Contábeis terá que dominar. E isso será aprendido nos bancos das faculdades. Só através dessas qualificações é que teremos profissionais devidamente qualificados para o mercado de trabalho, que está sempre em constante mudança.
Apesar de toda a evolução tecnológica e as novidades do mundo corporativo, as faculdades de Ciências Contábeis no Brasil operam hoje com a mesma grade curricular de anos atrás, quando não existiam as normas contábeis para as micro e pequenas e empresas, o Sistema Público de Escrituração Digital-Sped, o eSocial ou o novo Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP Eletrônico.
É óbvio que, com muita maestria, professores e coordenadores dos cursos de Ciências Contábeis se empenham em transmitir esses conteúdos em sala de aula, mas é necessário que tais adequações sejam efetivamente implementadas nas grades curriculares.
Por isso, na tentativa de adequar e modernizar a grade curricular das faculdades de Ciências Contábeis, em 2021, o gérmen da questão foi plantado no Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo-CRCSP, sob a gestão do presidente José Donizete Valentina (2021-2022), que começou a buscar soluções para a questão, juntamente com seus pares e as instituições de ensino de São Paulo.
Posteriormente, a iniciativa foi levada para o Conselho Federal de Contabilidade-CFC, o qual abraçou firmemente a causa e começou a realizar mobilizações, a nível nacional, e estudar o tema. Em 2022, o órgão apresentou ao MEC uma proposta de alteração na Resolução CNE/CES nº 10/ 2004, com base nas respostas de uma pesquisa feita com estudantes, empresários e profissionais da área.
Hoje, o assunto continua a pleno vapor e, em breve, teremos novidades. Entre os envolvidos na questão estão as Academias Nacional e Estaduais de Ciências Contábeis, os Conselhos Regionais de Contabilidade-CRCs, entidades de classe, bem como professores e Instituições de Ensino Superior-IES da área contábil.
Diante deste cenário, o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo-Sindcont-SP, na condição de Casa do Saber Contábil, tem alguns pontos a ponderar. O primeiro deles diz respeito à essencialidade dos contadores, que ficou mais evidente durante a pandemia de Covid-19, inclusive, já que eles se mostraram “pedra angular” para os negócios se manterem de pé nos momentos de crise.
Em segundo lugar, a carreira nessa área abre portas para distintas modalidades de atuação, seja na auditoria, na perícia, lecionando, oferecendo consultoria, realizando planejamento tributário. Não importa. O que realmente é relevante aqui é que a graduação na área significa estabilidade financeira e grandes chances empregatícias. Por fim, e não menos importante, a Contabilidade sendo uma Ciência, requer que só quem seja formado possa atuar como contador. Definitivamente, não é uma profissão para amadores.
Assim como o médico existe para salvar vidas humanas, a Contabilidade existe para preservar, há milênios, na história sócio e econômica da humanidade, e hoje é responsável por proporcionar estabilidade aos setores de comércio, serviços e indústrias, bem como a todas as pessoas que têm um CNPJ. Mas, para ser esse “clínico cirúrgico”, o contador precisa se atualizar conforme o avanço exigido pela sociedade e pelas novas tecnologias.
Então, refletindo sobre o impacto dos profissionais da Contabilidade na economia e no desenvolvimento sustentável do País, é imprescindível que mantenhamos o currículo de Ciências Contábeis nivelado com as exigências dos tempos atuais. Só assim formaremos e contaremos com profissionais aptos a atuarem com excelência, transparência e confiança.
O Sindcont-SP aplaude essa iniciativa e torce para que ela se torne realidade o mais breve possível. Os benefícios serão para todos. Acesse o Mensário de junho!
Claudinei Tonon
Presidente
Gestão 2023-2025