A trajetória de Antoninho Marmo Trevisan é marcada pela excelência em sua atuação como profissional, o que o fez uma das maiores referências da classe contábil do País.
Em reconhecimento a sua atuação na classe contábil, em especial nos campos da Auditoria e Educação Continuada, Trevisan foi agraciado com a Medalha João Lyra, na abertura do 21º Congresso Brasileiro de Contabilidade-CBC, no dia 8 de setembro de 2024. (Leia mais sobre o 21º CBC na matéria da página…. )
Para falar sobre essa singular distinção e também sobre sua carreira, e os desafios da Contabilidade Antoninho Marmo Trevisan concedeu, em carácter de exclusividade, a entrevista que segue:
Qual o sentimento de ser agraciado com a Medalha João Lyra 2024?
AMT -A Medalha João Lyra corou toda a minha trajetória como contador, como consultor, auditor e professor. Trata-se de um indicativo muito claro sobre o que se pode e deve fazer à frente de uma profissão tão demandada, como a Contabilidade. E eu, desde criança, já tinha isso em mente, sobre o que eu queria ser na minha vida. E, praticamente, eu fiz tudo dentro da Contabilidade, trabalhando como auxiliar contábil, depois como contador de uma grande empresa – a Mahle Metal Leve; e depois tive a oportunidade de migrar para uma empresa de Auditoria – PwC. Paralelamente dediquei-me à área de ensino. Fui professor de Contabilidade da Fundação Getúlio Vargas-FGV, escrevi livros sobre as Ciências Contábeis, um deles é o “Empresário do Futuro” que eu, particularmente, gosto muito. E ainda escrevi mais de 500 artigos, versando sobre Contabilidade, Auditoria, Tributos, Gestão.
Então, receber a Medalha João Lyra no ano em que a faculdade que eu fundei – a Trevisan Escola de Negócios – completa 25 anos, me deixa extremamente feliz e com muito orgulho. Somos hoje seis mil alunos, espalhado por todo o Brasil e no exterior, vez que se trata de uma instituição de ensino 100% digital, acessível, e com ticket médio da ordem de R$ 400. Isso sem contar que essa é uma das escolas que mais aprova no Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade.
Como você analisa a carreira do contador?
AMT – Eu considero que a carreira de um contador é extremamente longeva. Hoje, por exemplo, eu escrevo sobre os desafios do contador no presente-futuro e faço palestras sobre o que o mercado espera do contador. A automação e a digitalização são tendências que já transformaram várias funções no setor contábil. É essencial que os contadores compreendam essas tecnologias e se tornem proficientes em utilizá-las para otimizar processos e oferecer informações valiosas aos seus clientes.
Outro grande desafio é a necessidade de atualização constante. Com as normas contábeis e fiscais mudando frequentemente, os profissionais precisam investir em educação continuada para se manter relevantes. Portanto, participar de cursos, seminários e webinars é fundamental para adquirir conhecimento sobre novas legislações e práticas recomendadas.
O que o senhor sugere para superar esses obstáculos?
A complexidade do mundo moderno exige conhecimento técnico, habilidades interpessoais e uma compreensão aprofundada do contexto econômico e social em que atuamos. A ética e a integridade são fundamentais, pois lidamos com informações sensíveis que impactam significativamente a vida de indivíduos e organizações.
Ademais, a construção de uma rede sólida de contatos e networking é crucial. Participar de eventos, cursos e conferências proporciona aprendizado e troca de experiências com outros profissionais, que podem ser valiosas para o crescimento pessoal e profissional. Essa interação amplia a visão sobre a profissão e abre portas para colaborações futuras. Em resumo, os desafios na Contabilidade são muitos, mas as oportunidades também são vastas. Com resiliência, curiosidade e um compromisso contínuo com a excelência é possível superar os obstáculos e prosperar em um ambiente cada vez mais dinâmico e desafiador.
Essa premiação contribui de que forma para a sua carreira?
A Medalha João Lyra proporciona uma oportunidade única de reconhecimento das habilidades e competências adquiridas ao longo da minha trajetória profissional. A validação por meio de uma premiação destacada como essa, sem dúvida, elevará minha confiança e motivação, impulsionando um compromisso ainda maior com a qualidade e excelência em minhas atividades.
Frente às novas tecnologias e a Inteligência Artificial, o que é recomendável aos contadores?
O contador sempre foi desafiado. Desde Luca Pacioli, em 1494, com o método das Partidas Dobradas, ele permitiu o início do mercantilismo no mundo, vez que as empresas passaram a fazer negócios. E, desde então, no mundo, os contadores estão sempre sendo desafiados e convidados à atualização constante. No Brasil não é diferente, haja vista que vivemos a maior inflação do mundo nos anos 80, quando os contadores foram chamados a dar validade e transparência aos balanços. Foi criado então um modelo de correção monetária, e eles conseguiram calcular o Imposto de Renda, produzir as obrigações acessórias e acompanhar todas as mudanças.
Depois, com a Lei nº 6.404/1976, houve uma verdadeira revolução, nada diferente do que está ocorrendo hoje com a reforma tributária. Ou seja, está se recriando tudo, do zero, e o que sabemos até então, logo não saberemos mais. Isso mostra que os contadores devem estar atentos às legislações e regulamentações que envolvem a profissão e também às novas tecnologias, garantindo que suas práticas estejam em conformidade com a legislação vigente.
Com a IA é possível que haja perda de vagas para a robotização?
É verdade que a automação e a inteligência artificial têm o potencial de transformar a área contábil. No entanto, é fundamental considerar que a tecnologia serve como uma ferramenta que pode aprimorar as atividades dos contadores, em vez de simplesmente substituir a mão de obra humana. As tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, como lançamentos contábeis e conciliações, são as mais suscetíveis à robotização. Contudo, o papel analítico e consultivo dos contadores, que envolve interpretação de dados e a tomada de decisões estratégicas será intocável e insubstituível.
Portanto, em vez de temer a robotização, a categoria deve enxergar a IA como uma aliada. A integração de sistemas inteligentes ao trabalho contábil poderá gerar maior precisão, celeridade e confiabilidade nos processos. Assim, os contadores dedicarão mais tempo a atividades estratégicas, contribuindo significativamente para o desenvolvimento dos negócios e a tomada de decisões melhor embasadas.
Para ler a entrevista na íntegra, bem como as outras notícias do Mensário do Contabilista, acesse o link Mensario-do-Contabilista-10-2024-1.pdf (sindcontsp.org.br)