As perturbações geopolíticas motivadas pela guerra na Ucrânia, que começou em 2022, e mais recentemente o conflito Israel-Hamas, além dos índices globais de inflação resultarão, de forma geral, retração ou recuperação lenta da economia mundial em 2024.
No mundo todo, a perspectiva é que haja crescimento de 3%, em média, no próximo ano. A China tem potencial para alavancar em 5%; Estados Unidos, 2,2%; e a Zona do Euro, 2%. A boa notícia vai para o Brasil, que está com uma expectativa de progresso no mesmo percentual dos Estados Unidos [2,2%], impulsionado por geração de emprego e investimentos. A informação é do estudo “Cenário Macroeconômico Global e Brasil 2024”, da Fundação Dom Cabral-FDC, comandado pelo professor Gilmar de Melo Mendes.
Projeção semelhante a essa tem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE, que diz que a previsão de desaceleração da economia global será puxada pela economia americana, que está sendo abalada por problemas das finanças da China.
O e-book da FDC aponta que, como o Brasil se destacou no cenário mundial com 3% de crescimento em 2022 e mantém a mesma projeção para 2023, é bem provável que o País se sustente entre as dez maiores economias do mundo no ano vindouro.
Desafios
Entre os principais desafios que virão pela frente, devemos ficar atentos à implementação das reformas tributária e administrativa, bem como o controle da inflação. No que diz respeito à alta de preços, o valor do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA, no dia 11 de novembro, estava no patamar de +0,24%, segundo o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, referente a outubro de 2023. Trata-se do quarto aumento consecutivo, com ritmo um pouco mais lento, puxado pela alta das passagens aéreas.
Ainda no que diz respeito à inflação, os bancos centrais das principais economias do mundo permanecem centrados em combatê-la: “Governos ao redor do mundo têm adotado medidas de compensação de inflação de diferentes maneiras. Os EUA seguem com a alta de juros para acelerar a convergência. Portanto, os mercados entendem que os bancos centrais continuarão com o propósito de convergir a inflação e continuar com a política monetária necessária”, aponta o relatório chamando atenção para a economia brasileira, “cujo mercado espera uma queda de juros para os próximos meses e para o ano de 2024”.
A boa notícia para o País vai além: ela está no reposicionamento da cadeia de suprimentos globais, a qual pode ser vista como uma complexa rede que conecta o mundo por meio da fluência ininterrupta de informações, produtos e recursos. Seu principal propósito é sustentar que bens e serviços cheguem aos consumidores. Isso porque, com as tensões geopolíticas, as empresas estão diferenciando seus fornecedores, reduzindo assim sua dependência de certos países. E esse fato, segundo a FDC, abre um leque de oportunidades para o Brasil, “graças a sua múltipla economia, com qualificação na força de trabalho”.
Para valer-se dessas oportunidades, o Brasil precisa efetivar suas reformas econômicas que proporcionem crescimento e investimento. “Vemos que medidas do atual governo – por exemplo, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, embora não sejam aquelas esperadas e muito ainda se tenha por fazer –, implicam mudanças que geram melhores perspectivas para as previsões de crescimento da economia brasileira”, diz o professor Gilmar de Melo Mendes esclarecendo que, para se tornar competitivo no mercado global, o País tem que investir e avançar na agenda ambiental.
Contabilidade
Com perspectiva de crescimento econômico, necessidade nas pautas sociais ambientais e abertura de novas empresas, é provável que a carreira contábil continue em evidência. Nesse aspecto, como não é de hoje que a inteligência artificial vem ganhando holofotes na Contabilidade, a perspectiva é que em 2024 essa tendência continue.
A automatização na área fará com que os processos sejam cada vez mais efetivados e, como resultado, haverá um melhor desempenho por parte dos profissionais. Por consequência, os serviços serão mais otimizados e diligentes. Isso porque a integração ocasionará um acesso mais prático aos dados.
As vantagens serão: emissão de relatórios com celeridade; controle promitente das tarefas e dados; processamento organizado das informações; atenuação de erros e falhas; e integração completa com os outros setores.
Reforma tributária
No início de novembro, o projeto de reforma tributária foi aprovado no Senado Federal e voltou para a Câmara. Se sancionado, as mudanças – bem significativas – começarão a fazer efeito no mercado brasileiro a partir de 2027. Portanto, 2024 será um ano de princípio de adaptação, visto que, após a promulgação, será necessário balizar e regulamentar as regras gerais aprovadas na proposta.
A presunção é que o governo exponha as matérias de, pelo menos, quatro leis complementares ao Congresso até o começo do próximo ano. Entre os assuntos principais está a normatização do Imposto sobre Valor Agregado-IVA dual, composto por dois novos tributos.
Boa notícia
Outra boa notícia é que, após 12 anos, o Brasil voltou a figurar entre as 50 economias mais inovadoras do mundo este ano. Da 54ª colocação em 2022, o País passou o Chile e conquistou o primeiro lugar na América Latina, ocupando o 49º lugar no Índice Global da Inovação. O ranking é da Organização Mundial da Propriedade Intelectual-Wipo, na sigla em Inglês), em parceria, no Brasil, com a Confederação Nacional da Indústria-CNI.
De acordo com a CNI, as cinco posições conquistadas pelo Brasil no ranking de 2023 colocam o País entre as economias que mais melhoraram o desempenho no IGI nos últimos quatro anos.
No topo da lista, os 10 países mais inovadores do mundo são Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul. Na América Latina, o Brasil ultrapassou, pela primeira vez, o Chile (52ª posição), que costumava ser o mais bem colocado da região. Entre os países do BRICS, o Brasil ocupa a terceira colocação, à frente da Rússia (51ª) e da África do Sul (59ª). Isso mostra que os ventos estão favoráveis para o Brasil ano que vem.
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