O segundo dia de atividades do 45º Encontro de Profissionais e Acadêmicos de Contabilidade – EPAC, que ocorre de forma híbrida, no auditório da Escola Americana, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, debateu nessa terça-feira, 10 de outubro, a tecnologia em tributos e a automação robótica de processos aplicados à governança tributárias das empresas. O evento foi transmitido na TV Mackenzie.
A temática da noite foi em parceria com o Grupo de Tributos e Obrigações do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, que contou com a explanação do mestre em controladoria e finanças empresariais e professor universitário, Matheus Simões, e moderação do professor e doutor Roberto Biava Júnior.
A mesa diretiva dos trabalhos foi complementada pelo presidente, Claudinei Tonon, e o vice-presidente, José Roberto dos Anjos, e pela diretora e vice-diretora de Educação Continuada do Sindcont-SP, Marina Suzuki e Ana Maria Costa.
Abertura
Na abertura, Roberto Biava destacou o trabalho profícuo que o Mackenzie e o Sindcont-SP vêm realizando em parceria, na promoção de atividades de atualização voltada aos estudantes, e da sua satisfação de moderar o debate que traz um profissional de mercado para tratar de um tema voltado para a tecnologia “o debate será bem produtivo para os nossos alunos de ciências contábeis, pois eles vão enxergar na prática como é essa conexão entre as tecnologias com a contabilidade e área tributária”.
Em seguida, Matheus Simões iniciou sua apresentação explicando a dinâmica que iria seguir, apontando como a tecnologia pode ajudar na área tributária das empresas, além de uma exemplificação de um projeto de sua autoria de RPA, detalhando todo o processo de criação, até os resultados e métricas.
Antes de entrar no processo de RPA, Simões fez uma breve contextualização sobre a carga tributária no Brasil em 2022, fazendo um comparativo com outros países e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, “para a surpresa de todos, o Brasil está abaixo da média mundial de carga tributária, porém, isso não deve ser comemorado, pois tudo que o país arrecada, não é retornado da forma que deveria ser”, exemplificou ele, ao lembrar que o ano passado a carga tributária foi de 33,71% do Produto Interno Bruto (PIB), o que resultou em uma arrecadação equivalente a 3, 4 trilhões.
Outro apontamento indicado pelo docente, foi em relação a complexidade do sistema tributário brasileiro que, de acordo com o especialista, “apesar de ser complexo e que em nenhum país do mundo, existe tantas discussões tributárias, além de ainda possuir o maior contencioso tributário do mundo, essa é uma área para os alunos olharem para o futuro, pois existe um imenso campo de atuação em que nenhum outro local existe”.
Só para ter uma ideia de toda essa complexidade, com dados atualizados até agosto desse ano, o Brasil possui 93 tributos e 97 obrigações acessórias, ou seja, “gastamos em média mais de 44 mil horas por ano para calcular e pagar tributos nas grandes empresas”, detalhou o professor.
A grande quantidade de profissionais dedicados ao cumprimento das obrigações tributárias empresariais compõe os custos de conformidades à tributação, que correspondem aos recursos necessários ao cumprimento das determinações legais tributárias pelos contribuintes e atendimento as formalidades exigidas pelas legislações tributárias, como cálculo e recolhimento de tributos, preenchimento e envio de declarações, atendimento a fiscalização e gestão de processos administrativos e judiciais. “Esses custos aumentam significativamente em funções da complexidade da legislação tributária, da diversidade de normas federais, estaduais e municipais”.
RPA aplicada à governança tributária
Ao entrar nas questões das ferramentas tecnológicas e da RPA, Matheus Simões frisou que a tecnologia pode ajudar a cumprir ou diminuir esses custos de conformidade e que a implantação de uma automação robótica, aplicada à governança tributária, acarretará em um retorno mais rápido para as empresas “é um ganho maior de competividade para as organizações, com aumento de produtividade, redução de erros e falhas operacionais, mitigação de riscos e melhoria do compliance fiscal, confiabilidade dos dados e relatórios, maior assertividade na tomada de decisões, eficiência operacional, redução das despesas com autuações fiscais e multas e melhoria dos processos e rotinas fiscais”.
Por fim, ele apresentou seu projeto de implementação da RPA na área tributária, o que, segundo ele, ocasionou um ganho significativo de horas em diversos processos com resultados positivos, tanto no campo de pessoas, como valorização da equipe, redução dos trabalhos manuais, aumento da motivação, desenvolvimento profissional, redução de horas extras, entre outras situações, como também dentro do compliance fiscal e governança tributária, com ganhos relacionados na prevenção de fraude, redução de pagamento de multas, mitigação de risco, economia de tempo e muito mais. “A nossa conclusão foi que o projeto contribuiu diretamente para o desenvolvimento dos profissionais e para a melhoria do ambiente de trabalho no departamento tributário”, enfatizou o docente ao concluir sua apresentação.
Após a palestra, abriu para os debates dos participantes e alunos e depois foi entregue um certificado de participação ao palestrante e sorteio de brindes.
O 45º Encontro de Profissionais e Acadêmicos de Contabilidade – EPAC, continua hoje, com a solenidade de encerramento e um debate sobre o tema “Contabilidade de Entidades em Liquidação”, que será comandado pela professora e doutora Liliane Cristina Segura e integrantes do Sindcont-SP.
Acompanhe a partir das 19h15, na TV Mackenzie: https://bit.ly/3LYjGC6.