A experiência de vida e na profissão na qual se atua precisa estar atrelada a uma visão de futuro clara e objetiva. Somente desta forma é possível entender as novas necessidades do mercado e se adequar a elas, como o proposto pela auditora Angela Zechinelli Alonso.
E sim, a Contabilidade está passando por um momento de transição bastante significativo, mesmo que esta não seja a primeira grande mudança pela qual a profissão passa desde a adoção das partidas dobradas.
“É preciso entender e se adaptar aos novos modelos de negócio que têm surgido, como as startups que recebem aporte de investidores anjo, apostando na solução de um problema proposto pelo empreendimento. Estas empresas têm um alto impacto na nossa sociedade. Basta perceber como o surgimento do Nubank, por exemplo, fez com que os bancos tradicionais tivessem que se adaptar à demanda e criar contas virtuais. Na nossa área, temos a Contabilidade online. É fato que todo trabalho repetitivo será feito por máquinas muito em breve, independente do sistema que o fará.”
Angela, que é filha de um contador, conta que quando seu pai exercia a profissão, ele já era visto como um consultor. “O que acabou acontecendo foi que a prática contábil mudou e passou a ser um serviço de preencher declarações e guias para alimentar os dados do Fisco, algo que alguém precisava fazer e essa atribuição passou a ser do contador”, explica a auditora.
De acordo com Alonso, este cenário fez com que o número de clientes do contador aumentasse. Porém, o profissional acabou se afastando do seu cliente, deixando de lado o papel do consultor em atender à necessidade do empresário de conhecer seus números e entende-los de fato. Algo que era auxiliado pelo profissional contábil.
Vale lembrar que as informações contábeis podem parecer uma sopa de letrinhas para quem não conhece as regras contábeis, como a maioria dos empreendedores do Brasil.
Por isso, o papel do Contador é fundamental nesta orientação, inclusive dando dicas e sugestões para o gestor, baseado nos dados contábeis. “Acho que o termo ‘contador consultivo’, que tem sido utilizado para denominar essa especificidade da profissão não é abrangente o suficiente. Esta tem que ser uma premissa de todo e qualquer contador”.
A profissional afirma que a tendência é que, daqui a dez anos, a Contabilidade como a conhecemos hoje deixe de existir, uma vez que os aplicativos existentes hoje já permitem uma contabilidade feita de modo bastante avançado. Assim, os contadores têm duas opções: ficar como intermediadores de negócios, gerando informação financeira ou evoluir e usar estas ferramentas como hoje utilizamos um smartphone, passando uma informação de alto desempenho e qualidade.
Espero que sigamos na segunda opção.
E é importante salientar que esta mudança afetará até mesmo as especializações dentro da Contabilidade, como a auditoria e a perícia.
E conhecimento acerca do tema não falta para esta profissional. Angela é contadora, pós-graduada em Auditoria e Controladoria e também jornalista.
Sua atuação na Contabilidade é bastante intensa. Isso porque a profissional é auditora cadastrada no Cadastro Nacional de Auditores Independentes – CNAI do Conselho Federal de Contabilidade-CFC e no CNPC – Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC. E sócia da Alonso, Barretto & Cia. – Auditores Independentes.
Sua atuação também é abrangente nas Entidades Congraçadas da Contabilidade do Estado de São Paulo. Afinal, Angela é conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRCSP e atua como representante do CFC e Ibracon no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Ministério da Economia. Atuou como representante do CFC no Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado – Codin. Foi presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon, na gestão 2002-2004; e conselheira fiscal do Museu de Artes de São Paulo. Além disso, ocupa uma Cadeira na Academia Paulista de Contabilidade – APC e exerce o cargo de 2ª secretária da Academia.
Isso sem falar nas premiações, já que em 2005 Alonso foi agraciada com a Medalha Joaquim Monteiro de Carvalho pelo CRCSP. Ainda foi vencedora do Prêmio Nacional do Conselho Federal de Contabilidade – CFC “História da Contabilidade no Estado de São Paulo”, em 2016.
Angela conta que o principal desafio que enfrentou na carreira foi justamente o seu ingresso nela, que ocorreu aos 14 anos como “office girl” no escritório contábil do seu pai. Esta foi uma escolha individual, motivada pela vontade de ter seu próprio dinheiro, ainda que sua mãe não concordasse com a ideia de alguém tão jovem trabalhando.
“Na época, eu ganhava meio salário mínimo – que para mim era uma fortuna. Então, comecei a andar de ônibus por toda a cidade. Conheci muito de São Paulo nesta época”, relembra.
Após algum tempo, uma das datilógrafas do escritório pediu demissão. Com a vaga em aberto, a secretária que trabalhava no escritório perguntou ao contador se Angela, sua filha, não poderia assumir o posto na datilografia. Ele, por sua vez, deixou a escolha a cargo da solicitante, que ensinou o ofício à futura contadora.
Mas nem sempre a profissional trabalhou no escritório de Contabilidade. Inclusive trabalhou em outras empresas, mas sempre atrelada à área contábil.
Após concluir o curso técnico em Contabilidade, decidiu cursar Jornalismo, que era a sua paixão. Chegou até mesmo a trabalhar em revista, mas não gostou da prática. Na época, seu pai estava passando por uma grande mudança em seu escritório. Então ela voltou a trabalhar com ele.
Com o passar dos anos, acompanhando o funcionamento do trabalho de auditoria, Angela se encantou pela área. Após conversar com o chefe do setor sobre o assunto ele gostou da ideia e foi consultar o pai de Angela, um dos sócios do escritório sobre o tema.
“Meu pai tinha outros sócios no escritório. Então uma mudança como esta precisava ser de comum acordo entre todos. No entanto, um deles achou um absurdo uma mulher trabalhar com auditoria – algo de fato raro na época. Vencer esta resistência foi difícil. Ficou combinado que eu faria um teste, mas restrita à área de auditoria em departamento pessoal. Com o tempo, acabei sendo aceita pelos meus colegas técnicos e as barreiras foram naturalmente caindo”, relata.
Foi nesta época que Angela passou a frequentar o Ibracon.
Além das suas atividades profissionais, Angela também é casada e mãe de um adolescente, Fernando, de 15 anos. Para conciliar a vida pessoal com a profissão, a contadora explica que é fundamental ter uma boa rede de apoio. “Isso começa pelo companheirismo entre o casal, com uma parceria forte. Tanto meu filho quanto meu marido me apoiam e torcem por mim. Mas, ainda assim, é preciso ter pessoas que ajudem em todos os momentos, isso para quem tem filhos ou não. Precisamos viver em sociedade de forma harmoniosa, utilizando esse carinho que temos e muitas vezes não sabemos como utilizar”.
ASSESSORIA
DE LEON COMUNICAÇÕES
Texto: Katherine Coutinho
Edição: Bruna Lyra Raicoski