O BC anunciou sua decisão de juros a 11,25%, um aumento de 0,50 ponto percentual. E, como esperado pelo mercado, acelerou o ritmo de aumento da taxa básica. A justificativa é a piora do balanço de risco: além da persistência da desancoragem das expectativas, há resiliência da inflação de serviços e uma dinâmica cambial desfavorável.
Segundo Alexandre Espírito Santo, coordenador de economia e finanças da ESPM e economista da Way Investimentos, diante da atual “desancoragem” das expectativas inflacionárias, com o boletim Focus sinalizando reiteradamente números longe do centro da meta de 3%, do aumento importante da inflação implícita, era razoável e adequado esperar esse movimento da diretoria do Banco Central.
“Para dar ainda mais amparo à decisão, nos últimos dias os mercados financeiros viveram estresse incomum, sobretudo pelas fragilidades fiscais em curso, impactando fortemente a cotação do dólar, que chegou a flertar com R$ 5,90, o que é um mais um fator de pressão sobre os preços”, comenta Alexandre Espírito Santo.
No comunicado pós-encontro, o colegiado enfatizou essa questão fiscal instável e outros pontos relevantes, como o mercado de trabalho aquecido, o hiato do produto e a própria taxa de câmbio, que trazem um desbalanceamento de riscos, justificando a postura conservadora adotada pelo Comitê. “Neste momento, em que vivemos algumas pressões importantes nos preços de alimentos e energia, acreditamos que se o governo concretamente entregar um programa robusto de corte de gastos, em análise nos últimos dias, é possível que possamos ver a Selic terminal, deste ciclo, em 12% a.a., com mais duas elevações, uma em dezembro de igual magnitude e uma última de 0,25 ponto percentual, na primeira reunião de 2025. Do contrário, é possível que a alta se estenda até 13%”, diz Santo.