Presidente do SESCON-SP explica o papel da tecnologia na área contábil e o que os profissionais podem esperar dos próximos anos.
Diversos mercados estão debatendo ativamente sobre o impacto da inteligência artificial e outras tecnologias em suas atividades. A contabilidade, uma das áreas mais tradicionais da sociedade, talvez pareça a algumas pessoas como um ponto fora da curva. Contudo, especialistas estão acompanhando as mudanças no Brasil e no mundo e identificando tendências importantes no âmbito tecnológico.
“A inteligência artificial vem sendo incorporada em demandas importantes da contabilidade recentemente, e deve assumir um papel operacional cada vez maior no futuro”, afirma Carlos Alberto Baptistão, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP). Segundo ele, essa é uma das novidades observadas na área contábil de diversos países ao redor do mundo.
“IAs, em particular, são muito citadas pela sua capacidade de realizar operações repetitivas e poupar contadores de afazeres que costumam ocupar muito de seu tempo hábil. Isso significa que, daqui para frente, veremos contadores ocuparem um papel muito mais estratégico, dinâmico e consultivo dentro das empresas, o que transforma todo o mercado e traz uma nova maneira de entendermos a contabilidade”, completa o especialista.
Baptistão traz a informação a partir da observação de mercados internacionais. Este inclusive é um dos principais objetivos do Seminário Internacional de Excelência Empresarial, promovido pelo Sescon, cuja sétima edição acontece do dia 10 ao dia 15 de setembro, em Singapura. Com a colaboração da parceira educacional Universidade Nacional de Singapura, o projeto tem como objetivo informar e posicionar empresários da área de contabilidade no que há de mais inovador no mercado. O evento já passou pelos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Israel.
Para exemplificar os efeitos dessa transformação na prática, o presidente do Sescon-SP destaca algumas das principais aplicações da inteligência artificial na área contábil:
“Lançamento de dados, reconciliação de contas, classificação de transações e preparação de relatórios são algumas das atividades que os contadores precisam fazer frequentemente e que a IA consegue finalizar em minutos”, conta Baptistão.
Em outras palavras, as tarefas mais rotineiras e repetitivas podem ser delegadas à tecnologia e os profissionais ficam livres para analisar os dados, interpretá-los com mais profundidade, além de ocupar um papel importante na revisão e validação das informações.
Por mais atentos que sejam, os humanos nem sempre conseguem identificar todos os padrões e tendências em grandes volumes de dados. Nesse caso, a IA cumpre essa função muito bem.
“Muitas vezes, principalmente quando se trata de operações de grandes empresas, a quantidade de dados a serem analisados é enorme. O contador precisa ter um perfil analítico, mas pode contar com a ajuda da IA para perceber algumas questões que talvez passassem despercebidas”, defende o especialista. “Isso inclui auxílio para fazer previsões e aprimorar planejamentos”.
“Por conta da identificação de padrões, a inteligência artificial pode perceber fraudes em tempo real, agilidade tal que pode fazer uma grande diferença”, conta o especialista. “O contador então consegue fazer um trabalho mais assertivo para conter os riscos e reverter o cenário”.
Assim, o gerenciamento de riscos se torna um trabalho ao mesmo tempo automatizado, para prover mais agilidade, e estratégico, impedindo que situações perigosas causem prejuízos reais às pessoas e companhias.
Com a crescente automação de tarefas através da tecnologia, uma nova perspectiva se desenha para os contadores: a atuação como profissionais estratégicos. Com mais tempo para se dedicar à abordagem analítica, os contadores podem auxiliar mais na tomada de decisões importantes para o negócio. Por exemplo, o profissional pode ajudar a tomar a decisão sobre a melhor forma de declarar um negócio, o que é fundamental para viabilizá-lo financeiramente, ou realizar cálculos e análises para identificar quais produtos ou serviços estão proporcionando o melhor retorno financeiro para a empresa.
Neste sentido, a evolução do contador em um profissional estratégico não implica sua substituição pela tecnologia ou por profissionais de tecnologia, mas pelo profissional contábil que possui habilidades de visão estratégicas desenvolvidas e que domina a tecnologia.
Baptistão considera que esses são os principais usos da inteligência artificial na contabilidade, mas que não são necessariamente os únicos. “Podemos pensar nas novas tecnologias em diversos aspectos, como em auditorias, na personalização de relatórios, auxílio ao atendimento ou para que os profissionais tenham mais insights e expandam suas perspectivas. O mais relevante é compreendermos que nossa área precisa acompanhar um mundo em evolução, e isso significa nos adaptarmos e levarmos a contabilidade para o futuro com inteligência e qualidade”, conclui.
Fonte: EDB Comunicação e Portal Contábeis