O Banco Central anunciou que a moeda digital brasileira emitida pela instituição vai se chamar Drex. Até então o projeto estava sendo chamado de Real Digital. Entenda o que já se sabe sobre o projeto e como vai funcionar a moeda virtual.
É a versão digital do real, mas não é uma criptomoeda. O Drex vai ser um sistema com duas moedas: uma de atacado (a moeda virtual regulada), que será usada para pagamentos entre o BC e instituições financeiras autorizadas, e uma de varejo (que vem sendo chamada de real tokenizado), que será emitida pelo mercado e vai chegar ao consumidor final.
A sigla é a abreviação da expressão “Digital Real X”. Segundo o BC, a combinação de letras forma uma palavra “com sonoridade forte e moderna” e fazem alusão ao Real Digital. Já o “e” vem de eletrônico e o “x” passaria a ideia de “modernidade e de conexão”.
Drex vai ser uma nova forma de dinheiro. A ideia do BC é complementar o sistema financeiro que já existe hoje com a nova moeda. O valor das moedas será sempre o mesmo: 1 Drex vai equivaler a R$ 1.
A principal diferença entre as criptomoedas e o Drex é que ele vai ser regulado. Moedas como bitcoin e ethereum não têm nenhum tipo de regulamentação. A solução, segundo o BC, “propiciará um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios e o acesso mais democrático aos benefícios da digitalização da economia a cidadãos e empreendedores”.
O real tokenizado vai permitir transações entre pessoas de forma direta. Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, dá um exemplo prático: na Califórnia, as pessoas conseguem tokenizar o documento do carro. Na hora de vender, a própria pessoa consegue acessar o documento e trocar a titularidade, sem precisar ir a algum despachante ou cartório.
Expectativa é de que a moeda chegue aos brasileiros ao final de 2024. A data pode atrasar caso o BC precise realizar mais testes. Todas as transações vão ser simuladas, com a participação do BC e agentes do mercado para realizar os testes necessários antes de o Drex ser implementado oficialmente.
O objetivo da nova moeda é facilitar as transações e diminuir os custos. O projeto começou em março. Ele foca no desenvolvimento da infraestrutura para a criação da moeda digital brasileira.
A ideia é que o Drex seja uma alternativa ao uso de cédulas. Outros países já lançaram as suas moedas digitais, chamadas de CBDC (do inglês Central Bank Digital Currencies; a sigla pode ser traduzida para o português como “moedas digitais de banco central”). Alguns deles, como a Suécia, a China e a Coreia do Sul, estão em fase de execução dos projetos-piloto.
“Quando você faz uma compra e venda de título, hoje leva alguns dias para liquidar. Quando for tokenizado, vai poder fazer na hora. Vai ser como fazer um Pix.” Arthur Igreja
Ainda não dá para saber todos os tipos de serviço que vão surgir a partir do Drex. Em março, Fábio Araújo, coordenador da iniciativa do real digital no BC, disse em coletiva de imprensa que as soluções serão criadas pelas instituições financeiras. Araújo disse que o BC é responsável por regulamentar a nova ferramenta, mas que o mercado é que é criativo para implementar novas soluções.
Uma funcionalidade possível é que o Drex seja usado para pagamentos, por meio de carteiras digitais. As carteiras digitais serão custodiadas por instituições financeiras autorizadas pelo BC.
Drex poderá ser convertido para qualquer outra forma de pagamento atual. O BC diz que pode ser transformado em depósito bancário convencional ou em real físico, além de poder ser usado em pagamentos do dia a dia.
Dinheiro em papel não vai deixar de existir. O Drex será uma opção ao uso de cédulas e, por ter foco no uso online, não deve ter impacto na circulação de dinheiro em espécie em um primeiro momento, segundo o BC.
Outra possibilidade são os “contratos inteligentes”. Na prática, eles permitem programar pagamentos e transações que podem começar a partir de objetos, como na venda de um carro.
Algumas aplicações do real digital foram testadas no Lift Challenge. É uma edição especial de um laboratório de inovação do BC para avaliar possíveis funções da moeda criadas por agentes do mercado. Conheça algumas delas:
Fonte: UOL
Imagem: Divulgação/Banco Central