Desafios da auditoria vêm à tona no 2º dia da 9ª Semana Paulista da Contabilidade

Dando continuidade à programação da 9ª Semana Paulista da Contabilidade, nesta sexta-feira, dia 16 de outubro, o tema em questão foi “A Auditoria e o Mundo Atual”, em debate conduzido pelo presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP, Geraldo Carlos Lima, que interagiu com os presidentes do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon Nacional, Francisco Antonio Maldonado Sant’Anna; do Ibracon – 5ª Seção Regional, Carlos Augusto Pires; e Eduardo Augusto Rocha Pocetti, do Conselho de Administração do Ibracon, que é, inclusive, detentor do Título “Contabilista Emérito”, concedido pela Casa do Saber Contábil.

“Há um ano, no centenário da Entidade, eu estava recebendo uma das melhores glórias da minha vida, que foi o título de Contabilista Emérito, nesta Casa”, comentou Pocetti aproveitando a oportunidade para saudar Claudio Avelino Mac-Knight Filippi, que será o homenageado deste ano, ao receber o Título no próximo domingo, dia 18.

O conselheiro do Ibracon começou seu discurso lembrando que a auditoria é centenária, mas infelizmente o Brasil ainda é muito pouco auditado. Se for compará-lo com os Estados Unidos, por exemplo, a receita obtida, no ano passado, foi de US$ 110 bilhões; sendo no Brasil, apenas US$ 2 bilhões. “O auditor é colocado à prova o tempo todo, em tudo o que ele faz, a começar pelo Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes – Cnai e várias outras avaliações. A nossa profissão é extremamente regulamentada e exige dos profissionais e das empresas de auditoria, independentemente do porte, treinamento, educação continuada e tecnologia”.

Desafios

Já Francisco Antonio Maldonado Sant’Anna, presidente do Ibracon Nacional falou a respeito dos 10 principais desafios atuais da profissão de auditor independente: avanço da tecnologia; o uso de especialistas nos serviços de auditoria; procedimentos para detecção de erros e fraudes; aumento dos riscos; complexidade do trabalho e necessidade de mais investimentos; elaboração das normas para os novos profissionais; exigência de reguladores; questões tributárias, as quais, inclusive, estão em pauta na nossa sociedade por causa da reforma; imutação de responsabilidade [uma entidade, quando bem gerida, constrói controles internos que preveem processos de independência e revisão]; e, por fim, o protagonismo da profissão: “Principalmente neste ano de dificuldade por causa da pandemia da covid-19, houve mudanças bruscas e os auditores se mostraram profissionais de primeira necessidade, orientando as empresas a se manterem no mercado, provando estar em consonância com os interesses dos poderes públicos e da sociedade em geral”.

Por sua vez, Carlos Augusto Pires, presidente do Ibracon São Paulo, enfatizou que todos os desafios elencados pelo colega requerem respostas rápidas e precisas, porque “temos como princípio traduzir as entrelinhas do cenário econômico para a comunidade empresarial e para o mercado de ações”.

Na avaliação de Pires, nós estamos vivendo em uma sociedade em plena transformação, e agora é necessário que o auditor seja um profissional versátil, com muito conhecimento técnico contábil.

Na ocasião, as quatro lideranças contábeis analisaram os principais desafios da Lei nº 11.638, que modificou a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6404/76) e traz novos dispositivos para a mesma e do órgão que integra o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, que foi criado justamente para auxiliar no processo de reconstrução, quando a auditoria independente passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto.

Ceticismo profissional

Outro tema muito comentado foi o ceticismo profissional e como ficarão as relações dos profissionais de auditoria no pós-pandemia.  “Para atuarmos no mercado de capitais, é muito importante o contato presencial, sem dúvida. As relações mudaram, e a tecnologia pode separar as pessoas, o que não seria nada bom”, comentou Pires.

O ceticismo profissional, presente na Resolução do Conselho Federal de Contabilidade-CFC nº 1.203, de 2009, é a postura que inclui uma mente questionadora e alerta para condições que possam indicar possível distorção, devido a erro ou fraude e uma avaliação crítica das evidências de auditoria.

Participantes pela internet enriquecem o debate

Com a participação dos associados e profissionais contábeis pelo YouTube, o debate ficou ainda mais esclarecedor. Uma questão em especial chamou a atenção do moderador Geraldo Carlos Lima: a do diretor suplente do Sindcont-SP João Bacci, que quis saber o que está sendo feito para aprimorar a auditoria na Contabilidade Pública.

​Prontamente, Francisco Antonio Maldonado Sant’Anna comentou que o Ibracon Nacional está fechando um convênio com o Tribunal de Contas da União – TCU para oferecer um treinamento aos membros do grupo que trabalham na implementação das Ipsas [Normas Internacionais da Contabilidade para o Setor Público] nos tribunais.

E Geraldo Carlos Lima aproveitou a deixa para lembrar que há muito trabalho pela frente, uma vez que são 42 Ipsas, sendo que 30 delas já estão sendo executadas. Também comunicou: “E nós também temos uma grande novidade neste sentido: a partir do ano que vem, teremos palestras e cursos para formar contadores públicos”, afirmou o presidente da Casa do Saber Contábil.

Também foram questionados: a expansão da auditoria para pequenas e médias empresas; a atuação do Ibracon para a amplificação da auditoria para as PMEs, tendo em vista a relação auditor/habitantes, como é o caso do Brasil; se seria possível, por meio da auditoria, reconhecer a existência de caixa dois ou contratos fraudulentos; e como mudar o cenário para as áreas de auditoria e contabilidade andarem mais juntas.

Dia 17 – sábado

Continuação da 9ª Semana Paulista da Contabilidade, com a entrega do Prêmio Professor Hilário Franco

A 9ª Semana Paulista da Contabilidade continua neste sábado, dia 17 de outubro, a partir das 9 horas, com uma palestra da AlterData e, na sequência, a entrega do Prêmio Professor Hilário Franco e da Bolsa de Estudos de Pós-Graduação da Fecap aos ganhadores de 2020.

O Prêmio Professor Hilário Franco já está na sua 19ª edição, e foi criado em 2001, na gestão do presidente do Sindcont-SP, Sergio Prado de Mello com o objetivo de incentivar os estudantes de graduação em Ciências Contábeis à pesquisa de cunho prático, científico e acadêmico, garantindo a excelência na profissão aos futuros contabilistas.

Nesta edição, o vencedor receberá o valor de R$ 2,5 mil. O segundo colocado ganhará R$ 1,5 mil e o terceiro receberá R$ 500. Os quarto e quinto colocados poderão frequentar cursos ministrados pelo Centro Piloto de Aperfeiçoamento e Especialização Contábil – Cepaec “Senador João Lyra”, do Sindcont-SP.

Apoiadores

São apoiadores da 9ª Edição da Semana Paulista de Contabilidade, que ocorre entre os dias 15 e 21 de outubro, com o lema “Os Desafios da Contabilidade na Nova Era” tanto na sede do Sindcont-SP quanto na TV da Casa do Saber Contábil, no Youtube, as Entidades Congraçadas da Contabilidade do Estado de São Paulo e a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – Fecap. Para a realização do evento, o Sindicato também formou parceria com as empresas: Jettax empresa de tecnologia criada para Automação Fiscal, Eleve by TOTVS focada em sistema de gestão empresarial e Aggrega Benefícios, empresa de consultoria especializada em seguros.

ASSESSORIA

DE LEON COMUNICAÇÕES

Texto: Danielle Ruas

Fotos: Bruna Lyra Raicoski

Edição: Lenilde De León