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13 de março de 2023Associações industriais apontam que aperto no crédito deve dificultar desempenho do setor.
Em relatório divulgado essa semana, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), órgão do Banco Central, destacou a questão dos juros no país na avaliação do cenário econômico e financeiro.
O Comef apontou que houve desaceleração no ritmo de concessão de crédito tanto para empresas como para o consumidor pessoa física. O dinheiro mais caro, com juros subindo para o cliente, diz o Comitê, apesar de a taxa Selic estar estacionada desde agosto do ano passado em 13,75%, também faz com que as instituições fiquem mais criteriosas para a concessão de crédito.
Para entidades industriais, o aperto no crédito pode impactar diretamente a capacidade produtiva do país, principalmente entre as empresas de menor porte. Na vida prática das empresas, os juros altos indicam a necessidade de se ter mais dinheiro para pagar dívidas, muitas vezes, contraídas num cenário em que a taxa estava perto da mínima, como era em 2021.
Segundo José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a taxa de juros elevada do Brasil “é uma disfuncionalidade de longa data”, que compromete o crescimento e o desenvolvimento econômico e, consequentemente, gera uma desindustrialização.
“O nível das taxas de juros gera um desinvestimento. Não existe atividade econômica que tenha retorno após pagar o custo dos juros”, afirma Velloso.
Além disso, o especialista também ressalta a questão de oportunidade. Quando os juros chegam em patamares como esse, emprestar dinheiro por meio dos títulos públicos para o governo se torna um investimento tão rentável que dificilmente o setor produtivo vale a pena.
A Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), por sua vez, considera quer os juros altos e as dificuldades para obtenção de crédito prejudicam o desempenho da economia, e afetam principalmente as micro e pequenas empresas, com maior dificuldade para acesso a financiamentos.
Segundo levantamento do Serasa Experian, o número de falências de empresas – de todos os setores – avançou 56,5% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo mês do ano passado – de 46 pedidos para 72. O aumento chega a 80% quando consideramos os 40 pedidos de falência registrados em janeiro de 2021.
Algumas medidas, aponta a CACB, poderiam ser adotadas para amenizar as dificuldades das MPEs, como linhas especiais de crédito, com mecanismos de garantias — como o Pronampe, o Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
“As altas taxas de juros resultam de fatores como a inflação e as incertezas na área fiscal, exigindo, principalmente, medidas que reestabeleçam a confiança dos agentes econômicos, prometidas pelo ministro Haddad”, afirma a CACB.
Em nota técnica publicada no final de fevereiro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) também destaca o impacto dos juros altos para as empresas de menor porte. De acordo com o documento, a trajetória de elevação da Selic tem sido um “complicador adicional” para o custo do crédito à micro, pequenas e médias empresas, dado que a Selic baliza as taxas de juros do crédito concedido no mercado a essas empresas.




